No dia 2 de junho de 1975, 150 prostitutas ocuparam a igreja de Saint-Nizier, em Lyon, na França. Elas protestavam contra multas e detenções, em nome de uma guerra contra o rufianismo (atividade de quem tira proveito da prostituição alheia), e até contra assassinatos de colegas que sequer eram investigados. Além disso, maridos e filhos de prostitutas eram processados como rufiões, por se beneficiarem dos rendimentos das mulheres. Tabernas deixaram de alugar quartos para as trabalhadoras do sexo, com medo da repressão policial. A igreja e a população de Lyon apoiaram a manifestação e deram proteção a elas.
O movimento se ampliou para outras cidades francesas, como Marselha, Montpellier, Grenoble e Paris, onde colegas também entraram em greve. No dia 10 de junho, às 5 horas da manhã, as mulheres da igreja de Saint-Nizier foram brutalmente expulsas pela polícia.
Ao ter a coragem de enfrentar o sistema denunciando o preconceito, a discriminação e as arbitrariedades, trazendo à tona a situação em que viviam, as prostitutas de Lyon entraram para a história. Por isso, o 2 de junho foi declarado, pelo movimento organizado, como o Dia Internacional da Prostituta.
Porém mesmo depois de anos de luta um estudo de 2012 da fundação francesa Scelles revela que mais de 40 milhões de pessoas no mundo se prostituem atualmente, sendo 75% mulheres com idades entre 13 e 25 anos, ainda segundo um estudo, 90% delas estão ligadas a cafetões.
Criticar e estigmatizar a prostituição é a face mais real de uma sociedade hipócrita, que no caso das mulheres travestis e transexuais observamos através de dados de movimentos sociais que no Brasil elas são as mais assassinadas, porém também é o Brasil o país que mais consome o mercado pornô desta população, muitas mulheres profissionais do sexo abandonaram a escola e famílias abusivas, muitas vezes tendo filhos ainda quando adolescente. Muitas têm filhos e avós para sustentar e enfrentam pressões financeiras reais.
Sergipe por muitas vezes foi destaque de luta pelos direitos das profissionais do sexo através da Maria Niziana Castelino, conhecida como Candelária, que faleceu neste sábado 30 de maio, aos 70 anos, foi diagnosticada positiva para a Covid-19, porém a causa da morte foi atestada como sendo em virtude de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, motivo inicial do internamento, Candelária comandou a Associação Sergipana de Prostitutas (ASP) em Aracaju que acolhia mulheres em situação de vulnerabilidade com oferta de cursos e alimentos, e foi homenageada em todo o país pela luta em combate à violência contra as mulher.
Viva a coragem de romper estigmas pelo direito ao seu corpo, Viva a Candelária, Viva a todas mulheres cis ou trans que decidem e trabalham como profissionais do sexo.
Tathiane Aquino de Araújo
Astra Direitos Humanos e Cidadania LGBT
LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA:
Viva a memória de Candelária, viva ao dia Internacional da Prostituta