NOTA DE SOLIDARIEDADE E CLAMOR
Aracaju, 08 de agosto de 2018.
A Rede Trans Brasil fundada no ano de 2009, coloca-se como instrumento de expressão da luta pela garantia dos direitos humanos e cidadania plena de Travestis e Transexuais masculinos e femininos contra quaisquer formas de discriminação, além de priorizar o fortalecimento de políticas públicas governamentais nas três esferas e a garantia de uma legislação ao nível delas que ampare nossa comunidade.
A marginalidade, discriminação e exclusão vivenciadas por mulheres travestis e transexuais são semelhantes em todas as regiões do país. A transfobia que afeta travestis e transexuais pode se manifestar através de violências psicológicas, simbólicas, institucionais, e/ou físicas, e culminam, muitas vezes, em trágicos desfechos como temos observado em números assustadores de assassinatos.
Para nossa instituição se faz prioridade garantir a participação plena e efetiva das mulheres travestis e transexuais bem como a igualdade de oportunidades para a liderança destas em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e cultural, seja na gestão ou na legislação, visando assim a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas elas.
A pré-candidatura de Paula Benett se mostrou em poucos meses uma candidatura de diversas agendas das mulheres, não somente da mulher trans, mas da mulher negra, quando provocou a discussão contra o racismo e recebeu apoio da negritude local do seu partido, enfrentando o sexismo e de todas as formas de discriminação, aliando-se a população mais necessitada, consolidando a presença da mulher trans e o fortalecimento da representação em redes e articulações regionais através da nossa Rede Trans Brasil em todo Distrito Federal, além da participação ativa no Conselho dos Direitos da Mulher do DF como Conselheira de Notório Saber, provocando debates sobre feminismo dentro do próprio movimento, sua atuação como Secretária eleita do LGBT Socialista do DF e Coordenadora da política pública LGBT na Coordenação de Direitos da Diversidade do GDF.
A candidatura dela levou a ascensão da pauta sobre identidade de gênero, no Partido Socialista Brasileiro (PSB) do DF, sendo a primeira candidata trans em 70 anos de história da legenda.
A disputa de Paula a uma cadeira de deputada federal mostra nossa condição de estar em todos espaços e ser capaz de realizar um bom trabalho e representação digna da mulher, sua participação política reflete a mobilização das mulheres travestis e transexuais, passo fundamental para estimular mudanças e transformações no campo político, provocando um movimento gradual, necessário e inovador, quando as pessoas envolvidas entendem a sua necessidade, querem a mudança e sabem como atingi-la.
Benett é uma mulher trans e, entende a necessidade da mudança e sabe como alcançá-la. Portanto, pedimos ainda que o PSB e os partidos REDE, PDT, PV e PCdoB que fazem parte da nova coligação no DF, construa no diálogo para o entendimento que uma das 16 vagas tenha nesta coligação a representatividade e história de Paula Benett, pois não basta apenas lutar para formalizarmos segmentos, temos que na prática fazer a inclusão de pessoas trans na política.
Nossa solidariedade e clamor por sua candidatura à deputada federal.
Atenciosamente.
Tathiane Aquinho de Araújo
Presidente da Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil
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