Indianara Alves Siqueira é ativista de Direitos Humanos, puta e pessoa, é assim que ela costuma se apresentar, saiu da cidade natal em Paranaguá no Paraná, como muitas de nós, aos 18 anos para conseguir fazer sua transição e se constituir na grande mulher que é hoje.
Em 1995, se tornou presidente fundadora do Grupo Filadélfia de Travestis e liberados da baixada santista. Em 1996, na IV Conferência Municipal de Saúde de Santos foi uma das primeiras propositoras para à ideia do uso do nome social.
Entre 1996 e 1998 morou entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1997, trabalhou em conjunto com a Casa de Apoio Brenda Lee (casa para pessoas com HIV/AIDS e travestis sem moradia).
Morou fora do Brasil por uma época, mas nunca abandonou o jeito único e polêmico.
Trabalhou pela regulamentação da prostituição, que apesar de ser um trabalho lícito, ainda é tratado como uma prática marginal, e geralmente criminalizada nos discursos sociais e falas oficiais.
Foi uma das apoiadoras nas primeiras edições da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro, sendo que, por ter posto os seios à mostra ficou eternizada em protesto denominado “Meu Peito, Minha Bandeira, Meu Direito”.
Em 2009, foi uma das fundadoras da Rede Trans Brasil, a qual militou até 2014 representando esta entidade com toda sua vivência muito rica e legitima da dura vida social de mulheres travestis no Brasil.
Em 2010, teve sua trajetória contada e reconhecida pela revista Outlook da UNAIDS, órgão ligado a ONU, em que conta um pouquinho da história de sua militância nas políticas de HIV/AIDS.
Falas abaixo comprovam sua ousadia e vivência de uma população oprimida e ceifada de uma existência social digna e respeitada como cidadã de fato:
“Apanhávamos por existir. Éramos jogadas no camburão e em viaturas como lixo que não pode nem ser reciclado. Ninguém chorava por nós. Ao contrário. Para muitas famílias como é até hoje, é um alívio quando nos matam ou morremos.”
“Te convido pra minha diplomação como Vereadora Suplente da cidade do Rio de Janeiro em 2017, na praça da Cinelândia, venha se embriagar comigo em praça pública.”
A Rede Trans Brasil reconhece a trajetória política e a resistente campanha de Indianara Alves Siqueira que em 2016 chegou a ser vereadora suplente, em uma eleição de alto investimento capital dos seus oponentes, a militante teve adesão de diversos movimentos sociais em especial de pessoas feministas e LGBT. Em 2018, sua candidatura foi indeferida pela Executiva Estadual do PSOL/RJ e pelos mesmos motivos agora a comissão de ética nacional aprovou o seu afastamento definitivo.
A Rede Trans Brasil é um movimento social supra partidário que não interfere na participação política entendendo a importância de autonomia dos espaços da sociedade e no regime e ideologia partidário a que cada cidadão se propõe a seguir através da sua filiação partidária, no entanto, segundo informações de pessoas filiadas a Rede Trans no Rio de Janeiro, Indianara Siqueira está sofrendo perseguição, de certa forma uma transfobia velada, grande parte baseado em um dossiê minado de erros, e com acusações sem provas a Indianara em nenhuma instância judiciária.
As pessoas trans já foram caladas e segregadas por todos os setores da sociedade e sua inserção na política se faz importante e na sua maioria busca-se um partido que preza pela igualdade de direitos.
Portanto, promovemos esta nota de solidariedade à mulher travesti Indianara Siqueira, e como todes já conhecem desde o seu grito e luta por existência à sua vida polêmica, ela merece um olhar solidário que prega o socialismo, pois observar o comportamento de auto defesa de pessoas trans ao sistema capitalista é um exercício difícil, se o olhar neste ator ou atriz social não reconhecer o processo excludente e violento que a sociedade impõe a nossa população.
Tathiane Aquino de Araújo
Presidente da Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil
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Nota de solidariedade à militante Indianara Alves Siqueira