A militante e costureira Anyky Lima faleceu hoje (14/04) pela manhã, vítima de um infarto do coração. Aos 65 anos, a companheira vinha lutando contra um câncer, que se agravou nos últimos meses.
Natural do Rio de Janeiro, Anyky foi expulsa de casa aos 12 anos, no auge da ditadura militar. Acompanhada de uma amiga, as duas embarcaram de carona para Vitória (ES), fugindo da violência que já sofriam ao iniciarem suas vidas como travestis.
Durante seis anos, Anyky viveu como garota de programa na capital capixaba, onde conheceu um namorado que a ajudou a retornar ao Rio de Janeiro e ainda lhe presenteou com duas máquinas de costura. Ela logo aprendeu o novo ofício, costurando fantasias para escolas de samba, porém não abandonando a prostituição como fonte de renda.
Aos 30 anos, Anyky mudou-se para Minas Gerais, onde iniciou sua militância, organizando um pensionato e dedicando-se ao acolhimento e cuidado de pessoas LGBT em situação de vulnerabilidade. Em 2018, o Ambulatório Trans do Hospital Eduardo de Menezes (HEM) recebeu o nome de Anyky Lima, em reconhecimento ao seu trabalho social com o pensionato.
Uma das vozes mais importantes contra a transfobia no Brasil, Anyky esteve presente à assembleia de fundação da Rede Trans Brasil, em 2009, no Rio de Janeiro. Também foi presidenta do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual em Minas Gerais (Cellos-MG) e recentemente atuava com destaque como militante da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).
A Rede Trans Brasil presta seus sentimentos e deseja que a luta e exemplo de vida de Anyky Lima se perpetue.