Iniciado no domingo, na cidade de Aracaju (SE), o 5º Workshop Nacional da Rede Trans Brasil chegou ao fim, nesta terça (05/04), com diversas proposições sobre advocacy em segurança pública e estratégias de comunicação e gerenciamento para as entidades filiadas. Na esteira do novo projeto “Travessia – Observatório Nacional de Violações de Direitos e Mortes de Pessoas Trans”, que começa a ser executado pela instituição nesse mês, a programação do workshop seguiu tratando de temas ligados à segurança pública e violação de direitos humanos da população trans.
As rodas de conversas foram abertas abordando o advocacy para construção de políticas públicas de segurança combate à transfobia. O mapeamento e formulação dessas políticas, assim como a importância de estabelecer parcerias com atores da gestão e do Legislativo também foram discutidos. Segundo a presidenta da Rede Trans Brasil, Tathiane Araujo, o projeto Travessia vai oferecer um olhar próximo à população de pessoas trans e travestis através do trabalho das entidades filiadas, focando nas políticas locais de segurança pública e nos aparelhos que promovem ações ligadas a esse público. “Nós pessoas trans precisamos ter um estudo, um olhar qualificado para essas especificidades que adentram, se cruzam e transitam nas políticas de segurança pública nos estados”, ressaltou ela.
Pela tarde, a roda sobre mobilização positiva da mídia e da opinião pública provocou uma rica troca de experiências e saberes sobre comunicação nas redes sociais e uso de ferramentas e mídias digitais. Já a roda sobre as deficiências e complexidades do sistema prisional em relação a pessoas trans, conduzida pela vice-presidenta da Rede Trans Brasil, Marcelly Malta, rendeu um debate acalorado entre os participantes.
Ao final do dia, os representantes das entidades filiadas reuniram-se para formular proposições a serem encaminhadas pela Rede Trans Brasil no futuro, a partir de tudo que foi abordado e discutido durante a programação do workshop. O advocacy, tema central do evento, rendeu muitas dúvidas e questionamentos. Por isso, a primeira proposta sugerida foi a criação de uma manual prático sobre o assunto, que também orientará as organizações filiadas na gestão de documentos internos, como ofícios e atas.
Já na área da comunicação, várias militantes relataram suas dificuldades em produzir conteúdo próprio para as redes sociais. Foi proposta, então, a realização de uma oficina sobre uso de aplicativos de criação gráfica e produção de vídeos. Ficou decidido também que os futuros conteúdos produzidos pela Rede Trans Brasil devem incluir recursos de acessibilidade, como legendas, tradução em Libras e texto alternativo para pessoas cegas ou com deficiência visual.
Também foram propostas várias ações de comunicação referentes à segurança pública e o combate à transfobia, dentre elas a produção de uma cartilha orientadora sobre abordagem policial de pessoas trans, criação de campanha on-line de sensibilização de agentes da segurança pública e produção de vídeo educativo sobre os direitos de pessoas trans em situação de privação de liberdade. Além do monitoramento de aplicativos de denúncia de violências, foi pensada também a criação de um mapa interativo sobre as políticas de segurança pública voltadas à população trans.
O evento foi finalizado com a entrega de faixas em agradecimento aos representantes de todos os estados presentes. Para Tathiane Araujo, o workshop representa um momento de retomada do que a instituição esteve planejando durante o período de pandemia. “Retomamos os dados do Censo Trans e nosso monitoramento de políticas públicas de segurança, com o projeto Travessia, e esse workshop é estratégico justamente por marcar um novo início de era, para em 2023 trazermos produtos mais concretos e uma incidência mais organizada”, pontuou a presidenta.
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